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Desigualdades no tradicionalismo gaúcho

  • Universo Mulher
  • 11 de set. de 2019
  • 2 min de leitura

A subdivisão de gênero no CTG ainda continua


Por Tamara Sell


A mulher tem conquistado seu espaço na mídia e sociedade, porém, no tradicionalismo a realidade não é a mesma. A desigualdade de gênero presente nos CTGs ainda existe e pode ser percebida dentro das invernadas, através da falta de participação da mulher no comando do grupo, além das distinções culturais no que diz respeito às vestimentas e atividades.

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O grupo de Nicole no Enart de 2019 - Crédito: arquivo pessoal

Nicole Armelin, de 15 anos, frequenta o Centro de Tradições Gaúcha (CTG) Trilha Serrana em Carlos Barbosa e conta que o conservadorismo não permite que a mulher gaúcha ultrapasse barreiras e se envolva nas demais atividades, se limitando aos cuidados domésticos, diferente do homem que tem a imagem de peão que doma as dificuldades.


“Na dança as prendas não sapateiam e os peões não sarandeiam. Há diferenças nas pilchas e, dentro dos concursos, as mulheres não fazem provas campeiras e os peões não participam da mostra folclórica”, relata.


Embora sejam traços característicos dos costumes gaúchos, Nicole afirma que não é favorável à subdivisão de gênero. “A mulher dá elegância à tradição, mas também é símbolo de fortalecimento e merece valorização, podendo realizar os mesmos trabalhos que um homem”. A prenda ainda acredita que, com passos lentos, a mulher buscará destaque na vida campeira tradicionalista.


As danças gaúchas não compreendem nenhuma apenas para mulheres, diferente dos homens que possuem a liberdade de ter a chula como destaque. Porém, esta é a que Nicole mais gosta dentro do CTG, além da música, culinária e declamação. “Gosto da nossa tradição num geral, aprecio muito os nossos concursos culturais e gosto do aprendizado que eles nos trazem”, explica ela.


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Guimara com o título de 1º Prenda - Crédito: arquivo pessoal

Assim como Nicole, Guimara Bulegon também começou a frequentar o CTG com nove anos. Com incentivo dos pais, ela se envolveu com a cultura gaúcha e o tradicionalismo e conquistou diversos títulos, entre eles o 2ª Prenda Juvenil em 2007/2008 e o 2ª Prenda Adulta 2019/2020 da 11ª Região Tradicionalista. Mas o amor pela tradição supera cada troféu. O orgulho pela história do Rio Grande do Sul e a grandeza dos costumes, junto com as amizades e momentos compartilhados no CTG são especiais para Guimara, que também conquistou prêmios em rodeios e competições em grupo.


Referência dentro do CTG, a prenda admite que quando se trata de tradições se torna mais difícil a aceitação do comando ou participação de uma figura feminina. “Vejo que em alguns departamentos da cultura tradicionalista a participação da mulher é mais difícil ser aceita. Mas hoje temos mais espaço do que já tivemos” explica.

A mulher gaúcha, por sua vez forte e determinada, busca promover a cultura e manter as tradições, mas está sempre a procura de algo novo, na esperança de poder ter a liberdade de escolher a dança que prefere apresentar ou o que fazer dentro do CTG.

 
 
 

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