Agosto Dourado reforça a importância da amamentação
- Universo Mulher
- 21 de ago. de 2019
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Processo reforça vínculos entre mães e filhos e deve representar a base alimentar da criança até os seis meses

Um momento íntimo e de cumplicidade entre a modelista de roupas, Jordana Steffens (30), e a pequena Heloísa, de apenas um mês e 11 dias, revela os vínculos entre mãe e filha durante a amamentação. Enquanto encosta a recém-nascida com cuidado contra o seio, Jordana lembra as dificuldades dos primeiros dias de aleitamento. “No início dói bastante. Depois de quase um mês começa a ficar bom”, relata.
A primogênita Manuela, de um ano e dois meses, mamou no peito da mãe por pouco tempo. Jordana diz ter o bico do seio esquerdo invertido, o que dificultou o processo de amamentação da primeira filha. Contudo, em relação à Heloísa, ela percebe aumento na produção do alimento nutritivo e percebe que ela "está pegando melhor".

Apesar das complicações nos primeiros dias do aleitamento materno, como fissura no bico do seio e consequentes dores, Jordana revela que vale a pena. "Por conhecer a importância do leite materno para o bebê, me sentia motivada a tentar por elas”, afirma.
RESPONSABILIDADE DE TODOS
Em alusão ao Agosto Dourado, a Semana Mundial de Aleitamento Materno (Smam), de 1º a 7 de agosto, abordou o tema “Empoderar mães e pais, favorecer a amamentação. Hoje e para o futuro!”. Durante este mês, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) reforça a importância da amamentação e atribui responsabilidade a toda a sociedade, não exclusivamente à mãe.
A especialista em nutrição materna e infantil, Samanta Munhoz, e a pediatra neonatologista, Cláudia Ferri, alertam para que os pediatras, nutricionistas e a família incentivem o aleitamento até perto dos dois anos. No entanto, alertam, esse período deve durar apenas enquanto fizer bem para a mãe e o bebê, pois os fatores psicológicos são importantes. “A mãe precisa estar saudável para passar saúde ao filho”, explica Samanta.

A rede de apoio ao redor da mulher e da criança é essencial, principalmente nos primeiros meses. O afeto do pai também é muito importante, pois às vezes a mãe vai estar cansada física ou psicologicamente. "Então ele pode ajudar no pós-mamada, pegando o filho para arrotar, trocando a fralda e dando banho”, sustenta Samanta.
A nutricionista explica que não existe leite “fraco”. “A natureza é perfeita, pois pode até faltar nutrientes para a mãe, mas não para o leite”, esclarece. Samanta ainda salienta sobre o cuidado com as mamas durante a amamentação, uma vez que a posição incorreta do bebê pode dificultar o processo. “No peito o bebê não pega no bico, e sim na auréola. Para que ele mame bem é preciso abocanhar a auréola corretamente”, explica.

A amamentação não se trata apenas de alimentação nutritiva, mas fortalece o elo entre mãe e filho. Contudo, a nutricionista esclarece que o fato de a mãe, por algum motivo, não conseguir amamentar, não significa que ela não está dando todo o seu amor e carinho ao filho. Cláudia ressalta que esse processo, possivelmente, seja uma das coisas mais difíceis do início da vida materna. “A frustração pode levar ao desmame precoce, então o incentivo educacional antes do nascimento é primordial para as mamães, principalmente as de primeira viagem”, alerta.
A pediatra afirma que as mães devem ser apoiadas e incentivadas, através da equipe médica e de enfermagem, desde o pré-natal. A família e o pai também são incentivados a praticar hábitos mais saudáveis, contribuindo assim para construir uma rede de apoio às mães em processo de amamentação.
“ALIMENTO DE OURO”
Conforme recomendação da OMS, o bebê deve ser alimentado exclusivamente com leite até os seis meses de vida e, de forma complementar, até os dois anos. “O leite materno contém a quantidade de carboidrato, proteína e gordura nas proporções e consistência que o bebê precisa”, ressalta Samanta Munhoz.

Conforme Cláudia Ferri, a amamentação promove inúmeros benefícios para a criança, melhorando a função gastrointestinal, contribuindo para o bem estar psicossocial, fortalecendo a vinculação entre mãe e bebê, protegendo contra infecções e diminuindo os riscos de obesidade e outras doenças. Para a mãe, estimula a aceleração da recuperação pós-parto, reduz a resposta ao estresse, protege contra depressão pós-parto, acelera a perda de peso e protege contra câncer de ovário, seio e endometrial, entre outras doenças. “Devemos considerar também o custo comparado a qualquer outro tipo de leite: o leite materno é de graça”, destaca a pediatra.
Apesar dos efeitos benéficos para a mãe e ao bebê, segundo estatística divulgada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), apenas 40% das crianças são alimentadas exclusivamente com o leite materno nos primeiros seis meses. A pesquisa também revela que somente 45% das mães amamentam seus filhos até os 24 meses.
Até o sexto mês o estômago da criança é imaturo e ela não precisa de outros alimentos, nem mesmo chás, sucos ou água. Somente a partir dos seis meses de vida, quando a criança já consegue ficar sentada e necessita de outros nutrientes, ela deve começar a receber alimentos pastosos.
Para Claudia, é necessário que a lactante filtre as sugestões vindos de todos os lados. “A mulher deve ter confiança na posição da equipe médica e de enfermagem, manter-se confiante e saber que ela está buscando ser a mais perfeita mãe que ela pode ser”, destaca.
Alguns cuidados são necessários durante o processo de amamentação, evitando fissuras, bem como a ingestão de alguns alimentos e medicamentos. “Todas as medicações devem ser usadas com orientação médica, sendo que substâncias ilícitas ou alcoólicas não devem ser usadas pelo risco de passagem para o bebê pelo leite, com consequências orgânicas e mentais para toda vida”, enfatiza a médica.
A campanha da OMS busca orientar para o fato de que a sociedade como um todo tem responsabilidade para o sucesso do aleitamento materno e a necessidade de construção de ambientes públicos e de trabalho propícios para esse momento especial.




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